sexta-feira, 1 de setembro de 2017

EXCLUSIVIDADE EM JOGO

 CBF está disposta a não fechar acordo de exclusividade com a Globo na venda dos direitos de mídia dos jogos da Seleção Brasileira, no período de novembro de 2017 a dezembro de 2022. Plano da entidade projeta a comercialização das partidas em plataformas de redes sociais, em especial com Facebook, como havia feito nos amistosos contra Argentina e Austrália no último mês de junho, e ampla concorrência nos canais abertos e fechados da TV.
Está em jogo um pacote estimado em R$ 280 milhões milhões e o fim da hegemonia da Globo na transmissão dos jogos da Seleção, em alta com o bom desempenho do time desde que Tite assumiu o comando há um ano. É em cima dessa reconciliação com o futebol de excelência que a CBF espera aumentar sua receita.
“Após um período de estudos a respeito das mais modernas práticas mundiais nesta área, a CBF dá início ao inédito processo de concorrência para venda dos direitos de mídia dos jogos da Seleção Brasileira. Para tanto, contratou a agência Synergy Football para assessorar na estruturação desta comercialização para o mercado brasileiro, que compreende o período de novembro de 2017 até a Copa do Mundo do Catar de 2022”, diz a nota da entidade.
A confederação vai dar detalhes do edital de comercialização dos jogos nesta sexta-feira (01/9) em entrevista coletiva com seu diretor de Competições, Manoel Flores, e o CEO da Synergy Football AG, Patrick Murphy.
Acordo entre CBF e Synergy Football impõe dificuldades à Globo, até então sem concorrência. Trata-se uma agência de marketing bem posicionada no mercado internacional, com sede na Suíça, e tem como atrativo o senhor Murphy.
Comunicado oficial da CBF, diz que “Murphy e seus diretores possuem amplo conhecimento nos mais altos níveis de marketing esportivo nas Américas, Ásia e Europa. Com 25 anos de experiência, Murphy comandou a venda de direitos de mídia e patrocínio para a Champions League por mais de uma década – elevando as receitas da Uefa para mais de 4 bilhões de euros –, Liga Europa, Copa Sul-Americana e inúmeros projetos da área esportiva no mercado asiático”.
Com essa quantidade de confete em cima de Patrick Murphy, a CBF espera arrancar mais dinheiro dos interessados em transmitir e comercializar os jogos da Seleção. No pacote, estão 37 partidas – 28 amistosos e nove das Eliminatórias da Copa de 2022.
Se a venta for setorizada – um contrato para TV aberta, outro para canal fechado e um terceiro específico às redes sociais –, a Globo tem chance exercer seu poder econômico e político para garantir os jogos em canal aberto – mesmo assim pagando bem mais que os R$ 2 milhões que desembolsava por cada partida amistosa da Seleção até vencer o contrato de exclusividade em junho último.
Nos canais fechados, vai ter de brigar com Fox Sports, ESPN e Esporte Interativo, todas com capital norte-americano e com muito poder de fogo. Nas redes sociais, o Facebook não deve ter concorrentes.
A Globo tem os direitos da Copa do Mundo da 2018 na Rússia e já colocou à venda suas seis cotas de publicidade – R$ 180 milhões cada uma – no mercado. E também comercializa mais seis cotas – R$ 230 milhões cada – de publicidade para transmissão do Brasileirão 2018, Copa do Brasil, Copa Libertadores, Estaduais e Copa Sul Americana.
Seu faturamento com os dois pacotes de transmissão pode chegar a R$ 2,4 bilhões em 2018.
A partir da temporada de 2019 a Globo vai ter a concorrência do Esporte Interativo (Grupo Turner) na transmissão do Brasileirão.
Neste momento, a preocupação da emissora é não perder a hegemonia dos jogos da Seleção. CBF pode até ceder, desde que a emissora desembolse bem mais para vencer os concorrentes.
Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, também não quer perder essa queda de braço. Enroscado com a Justiça dos Estados Unidos, após escândalo de corrupção no futebol deflagrado pelo FBI em 2015, o cartola tem queixas do comportamento da Globo sobre a CBF.
Mais que se preocupar com a poderosa rede de televisão, Del Nero também tem outro adversário de peso: senador Romário. O ex-jogador lança neste sábado seu livro com vasto material colhido na CPI do Futebol que poderá comprometer o presidente da CBF, entre outros.
A CPI foi “destruída” pelos deputado da “Bancada da Bola”, de estreita ligação com a cartolagem. Mas Romário garantiu a posse dos documentos que implicam os dirigentes.

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